Postagens

Mostrando postagens de 2020

Governança, Governo ou Governabilidade?

Imagem
Penso que recorrentemente entramos em confusão conceitual com os termos Governança, Governo e Governabilidade (mais ou menos como historicamente ocorre com Eficácia, Eficiência e Efetividade).  O pesquisador inglês John Gaventa (IDS/UK) conceitua Governança de modo diferente do que normalmente temos ouvido no Brasil. Ele fala sobre Governança ser a habilidade que um Governo precisa ter para aproximar-se da sociedade com qualidade e incluí-la nas tomadas de decisão que influem na vida de seus indivíduos.  Desse modo, a Governança surgiria como ferramenta para quebrar o distanciamento entre o Estado e seus indivíduos, e desenhar uma “Nova Gestão Pública”. Assim, sem sociedade dentro das esferas decisórias, não teríamos Governança, mas sim Governo, puro e simples. E Governabilidade seria a capacidade que um Governo tem de conduzir políticas públicas e induzir transformação pública, de modo que, quanto melhor a Governança, maiores as chances de Governabilidade de um Governo.  No Brasil, re

Doença Institucional

Imagem
O que Bolsonaro tem proposto - justo nos momentos em que mais se espera de um gestor - é um rasgar dos princípios da Administração Pública, incluindo o respeito à especialidade das instituições. A coletiva de um Ministro de Estado DESINFORMADO, DESAUTORIZADO e, por tudo isso, publicamente DESRESPEITADO no exercício de suas funções, no dia 11/05, deixou esse rasgo ainda mais evidente - se é que alguém ainda não enxergava em tantos episódios passados (Mandetta este ano, Ricardo Galvão e Joaquim Levy em 2019...).  É mais do que um vexame. É sintomático de uma "doença institucional" que o País contraiu, de 2019 pra cá em seu estágio mais severo. Teich: não disse a que veio. E parece que foi posto exatamente pra isso: não dizer nada mesmo. Bolsonaro confunde a liberdade de suas prerrogativas para livre nomeação e exoneração, e de atribuição de diretrizes gerais de comando, inerentes a um Chefe do Executivo num regime democrático como o nosso, com uma noção de mona

Dia das Mães e a Tripla Sorte

Imagem
Deus sabia tanto que eu seria um moleque difícil, que em algum momento deve ter pensado: “ esse aí vai precisar de pelo menos 3 mães ”. Pois bem. Sorte 1, de 3: "Zica" Essa é aquela que me deu a vida, que me ensinou o quanto batalhar é importante; que me ensinou que a gente fica sem dinheiro, mas honra a palavra e não fica devendo ninguém; que me fez passar por todos os "jargões tradicionais de mãe", dos melhores aos piores: do "meu filho, você é o menino do dez" (mesmo que eu nunca tenha sido) até o "se eu for aí e achar, vou passar na tua cara" (o que me ensinou a ter independência, foco e responsabilidade, kkkkkk!). Te amo, mãezinha. Entre nós, mais de um Oceano Atlântico de distância e mais de uma década de não-convivência, mas sempre terá um tanto de ti batendo aqui dentro de mim. Obrigado por tudo. Sorte 2, de 3: "Finha" Essa é aquela que, com um coração gigante, segurou todas as pontas do (nosso) mundo co

Pará, Mudança do Clima e Bioeconomia: uma semana para comemorar

Imagem
Acreditando piamente no emblema da Bandeira - que nos últimos tempos, eu sei, virou mais motivo de chacota, do que lema - cultivei por hábito comemorar o progresso quando avançamos em ordem jurídica e das instituições públicas. Em tempos como estes, tenho insistido em dizer - fortalecido pelos dados - que para superarmos complexos de subdesenvolvimento que não páram de nos perseguir enquanto País, nosso caminho passa por um Estado decente, comprometido, disposto, capaz. Eficácia e eficiência são, no mundo teórico, princípios. No prático, consequências. Por isso, no nível que me compete, vou aqui celebrar e dizer que esta foi uma semana bastante emblemática para o estado do Pará.  Nesta semana foi publicada em Diário Oficial a Lei Estadual nº. 9.048/2020 , que institui a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas - PEMC e cria o Sistema Estadual sobre Mudanças Climáticas - SEMUC . Uma conquista de muitas mãos e muitos anos de esforço. Como servidor da área de meio

Assessoramento no Serviço Público: importância vs. preconceito.

Imagem
Nesses anos de Serviço Público, tenho percebido um comportamento bastante comum em pessoas direta ou indiretamente ligadas ou dependentes de órgãos de governo (ou seja, todo mundo). Há mais do que uma invisibilidade e um não-reconhecimento em algumas delas em relação à figura do Assessor: há um destrato mesmo, uma nítida desimportância atribuída. Algo tão frequente que chega a incomodar, dada a complexidade do desafio e a essencialidade dessa função dentro das instituições públicas. Vem a famigerada figura do "ASPONE", o dito " assessor de p... nenhuma ". Por que esse senso comum tomou corpo e se cristalizou? Pro bem das instituições, é preciso gerar o alerta e discutir (combater!) esse estereótipo. Há duas possibilidades para aqueles que tratam assessores como aspones : (1) ou não entendem NADA do que é assessoramento ou (2) há mesmo deliberada implicância/má-vontade com o estereótipo criado em torno da figura do cargo. Este texto propõe reflexão para ambas

A Memória é um grande Estádio

Imagem
Depois de algum  tempo, é fácil entender porque pais e mães continuam a chamar seus filhos e filhas de "meus bebês", mesmo quando já estão crescidos, criados... A vinda deles ao mundo é tão, mas tão marcante, que a memória é diferente. Especialmente diferente. Incomparável. Se a memória equivalesse a um estádio de futebol, o nascimento da Stella certamente tomaria o espaço da Tribuna de Honra. Não só porque é um lugar seleto, restrito, mas porque é o lugar do melhor conforto (de alma), e da melhor visão (de vida) de todas possíveis naquele estádio (de experiências e emoções). E aí, quando se acessa a esse espaço cativo na memória, vivemos e revivemos o momento mais marcante de uma vida. Minha teoria é a de que como todo esse registro é FORTE e VIVO demais pro subsconsciente considerar ser passado, aí então rezamos a imaginária "Cartilha dos Pais" e soltamos aquele famoso "ahhh, mas ele/ela sempre será o meu bebê!". E que mesmo as falhas que cometemos pe

Epidemia do Escracho e os Riscos do “Politicamente Incorreto”

Imagem
D e uns tempos pra cá, tenho procurado exercitar bastante um aprendizado que me alerta da diferença de significado entre as palavras “comum” e “normal”. Frequentemente, confundimos as duas. Ainda mais no País em que vivemos, onde os absurdos, embora comuns, não podem ser tidos como ocorrências normais. Vejo o “comum” como a frequência , enquanto que o “normal” depende do juízo de valor que fazemos a partir de nosso conteúdo moral . Que nós brasileiros somos extrovertidos, brincamos com tudo, extraímos riso do choro, todo planeta sabe. Algum(a) historiador(a) poderia aplicar uma narrativa perfeita aqui, que combine com o espírito de superação dos diferentes povos e raças que hoje nos compõem como Nação. Desde o negro que sofreu (e sofre) discriminação por séculos e precisou encontrar uma razão de levar tudo adiante, com esperança, buscando alguma graça no ser e, como dizia Herbert Vianna em Selvagem : com “a esperteza que só tem quem tá cansado de apanhar”; até o italiano, que cheg

Coronavírus, Meio Ambiente e Humanidade: O que temos a (re)aprender?

Imagem
Em tempos de Saúde e Economia disputando o Oscar de Melhor Argumento numa "Holiúde" refém da polarização, Meio Ambiente segue há anos-luz de qualquer protagonismo e também muito distante de ser ator coadjuvante. No máximo, um figurante… De luxo. N em as proporções que a epid… ops, pandemia, do “Novo Coronavírus” está tomando a cada dia têm sido suficientes para fazer com que os olhares do mundo – imprensa, autoridades, grandes corporações, cidadãos comuns – se voltem ao Meio Ambiente como um reconhecimento de que a catástrofe dos dias atuais é, antes de tudo, uma crise da relação homem-ambiente , e da apropriação que o primeiro lança sobre o segundo, como se dele não fosse parte constituinte. Mesmo em meio a tanta desinformação e linha cruzada neste momento crítico, o exemplo de que essa relação promove desequilíbrios de toda ordem não poderia ser outro senão a disseminação de uma nova variante de vírus (da família viral denominada Coronavírus ), provavelmente gerada a

10 Guitarristas Prediletos e suas Obras de Arte 🎸🎵

Imagem
Guitarras me fascinam, desde moleque recém-ingresso em adolescência. Dos riffs mais grudentos de AC/DC até os solos mais cheios de feeling e beleza harmônica que pude conhecer no universo do Rock Progressivo, passando por diferentes estilos, sempre fui de ouvir as músicas atento às cordas, ainda que o único instrumento musical com o qual eu tenha algum grau de familiarização prática seja a bateria. Ou seja, o que você vai ler aqui é opinião de um não-guitarrista, mas de um apaixonado (e sempre curioso) pelo universo musical. Aliás, é desde o início uma das razões de ser deste blog. Bob Marley, com sua Gibson Les Paul e Jimi Hendrix, com sua famosa Fender Stratocaster. Dois ícones da música e nas mãos, dois ícones do instrumento que representa o rock. (Fonte: ElPaís)   O deslumbre é tanto que sempre digo que algumas músicas instrumentais, mesmo sem letra, falam bem mais do que muitas com texto por aí... Guitarristas como Steve Vai, por exemplo, se notabilizaram justam