Doença Institucional

O que Bolsonaro tem proposto - justo nos momentos em que mais se espera de um gestor - é um rasgar dos princípios da Administração Pública, incluindo o respeito à especialidade das instituições.

A coletiva de um Ministro de Estado DESINFORMADO, DESAUTORIZADO e, por tudo isso, publicamente DESRESPEITADO no exercício de suas funções, no dia 11/05, deixou esse rasgo ainda mais evidente - se é que alguém ainda não enxergava em tantos episódios passados (Mandetta este ano, Ricardo Galvão e Joaquim Levy em 2019...). 

É mais do que um vexame. É sintomático de uma "doença institucional" que o País contraiu, de 2019 pra cá em seu estágio mais severo.

Teich: não disse a que veio. E parece que foi posto exatamente pra isso: não dizer nada mesmo.

Bolsonaro confunde a liberdade de suas prerrogativas para livre nomeação e exoneração, e de atribuição de diretrizes gerais de comando, inerentes a um Chefe do Executivo num regime democrático como o nosso, com uma noção de monarquismo absolutista europeu do século XVII. Inclusive explorando o pano de fundo religioso e a dita "vontade de Deus", tal qual faziam Jean Bodin e Jacques Bossuet para justificar o "Direito Divino" dos Reis, àquela época.

Hoje, mesmo consciente de que "o Presidente pode muito, mas não pode tudo", o que ele faz? Esgarça a corda, dobra a aposta, desafia ainda mais os limites constitucionais. E se escora no desconhecimento, no caso de uns, ou na má-fé, no caso de outros, para seguir impunemente sua série infinita de absurdos contra as Leis, as instituições e as pessoas.

Conclusão: um País entregue. Sem uma Política Nacional pro enfrentamento da epidemia, sem coesão entre Poderes e Esferas e agora sem (mais) um Ministro de Estado. Cada vez mais sem rumo.

Nunca tivemos NADA nessas proporções.

--
W.A.

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