Governança, Governo ou Governabilidade?
Penso que recorrentemente entramos em confusão conceitual
com os termos Governança, Governo e Governabilidade (mais ou menos como historicamente
ocorre com Eficácia, Eficiência e Efetividade).
O pesquisador inglês John Gaventa (IDS/UK) conceitua
Governança de modo diferente do que normalmente temos ouvido no Brasil. Ele
fala sobre Governança ser a habilidade que um Governo precisa ter para aproximar-se
da sociedade com qualidade e incluí-la nas tomadas de decisão que influem na
vida de seus indivíduos.
Desse modo, a Governança surgiria como ferramenta para
quebrar o distanciamento entre o Estado e seus indivíduos, e desenhar uma “Nova
Gestão Pública”. Assim, sem sociedade dentro das esferas decisórias, não
teríamos Governança, mas sim Governo, puro e simples. E Governabilidade seria a
capacidade que um Governo tem de conduzir políticas públicas e induzir
transformação pública, de modo que, quanto melhor a Governança, maiores as
chances de Governabilidade de um Governo.
No Brasil, receio que distorçamos o que vem a ser Governança. E a Língua
Portuguesa se encarrega de “cristalizar” um entendimento desviado.
Não estaríamos desvirtuando o conceito de Governança?
Auditor de Contas do TCU e professor Adriano Amorim entende
que um dos elementos para uma Governança é a entrega de valor público, e só há
uma entrega de valor se a sociedade for incluída e participar. O sucesso
do accountability (palavra que não tem tradução literal para o
português, mas oscila entre os significados de “prestação de contas” e “balanço
de entregas”, meu entender), ao final do processo, depende desta amarração bem
feita entre as instituições, agentes públicos e segmentos sociais, estes
últimos os beneficiários das entregas feitas pelo Serviço Público.
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