10 Guitarristas Prediletos e suas Obras de Arte 🎸🎵
Guitarras me fascinam, desde moleque recém-ingresso em adolescência. Dos riffs mais grudentos de AC/DC até os solos mais cheios de feeling e beleza harmônica que pude conhecer no universo do Rock Progressivo, passando por diferentes estilos, sempre fui de ouvir as músicas atento às cordas, ainda que o único instrumento musical com o qual eu tenha algum grau de familiarização prática seja a bateria.
Ou seja, o que você vai ler aqui é opinião de um não-guitarrista, mas de um apaixonado (e sempre curioso) pelo universo musical. Aliás, é desde o início uma das razões de ser deste blog.
Bob Marley, com sua Gibson Les Paul e Jimi Hendrix, com sua famosa Fender Stratocaster. Dois ícones da música e nas mãos, dois ícones do instrumento que representa o rock. (Fonte: ElPaís)
O deslumbre é tanto que sempre digo que algumas músicas instrumentais, mesmo sem letra, falam bem mais do que muitas com texto por aí... Guitarristas como Steve Vai, por exemplo, se notabilizaram justamente por propor essa interação estilo "conversa" com seu público. Considero isso não só uma prova de domínio técnico do instrumento como um excelente trunfo pra eternizar suas carreiras nas mentes e nos corações dos fãs (nota mental: epa, isso talvez explique, aquela "doença mental" que os "mais fãs" têm de, não raro, querer imitar o solo com a boca, kkkkk!).
Outros são conhecidos por uma "marca própria". Você ouve a dezenas de metros de distância, ou então ouve somente as primeiras notas, e já sabe quem tá segurando a guitarra. Os 2 casos mais emblemáticos disso pra mim? David Gilmour e Yngwie Malmsteen. Timbres e modos únicos.
Diante de tantos caras marcantes e de estilos tão diferentes, me senti tentado a lançar aqui um exercício (inglório) de fazer minha lista pessoal dos 10 Guitarristas Preferidos e, a cada nome, sons deles que considero marcantes na minha vida. É clichê agir igual jurado de programa de auditório e dizer "ahhh, mas é difícil demais, gente"? Sim, é. Mas é total verdade. Muitos nomes absurdos de bons vão ficar de fora, mas paciência.
Clapton e King: reis.
Só uma coisa antes: esta NÃO é uma lista sobre quem acho que é MELHOR; primeiro, sempre acaba em injustiça; segundo, o escritor não dispõe do menor domínio técnico pra ter o atrevimento de se prestar a tal. Então aqui é sobre os 10 Guitarristas Preferidos mesmo, o que não necessariamente tem a ver com melhor pro dono da lista. Tem a ver com o que me agradou mais, ou com algum som que tenha sido marcante em alguma fase da vida, entre outros motivos.
Vejamos:
10º) RUDOLF SCHENKER/MATTHIAS JABS: o mais velho dos irmãos Schenker e o substituto de Uli John Roth entram (aqui juntos por motivos de "porque sim, porque eu quero"! Ok, tô brincando... É que eles revezam lead e solo no processo de composição/exibição, assim como faz o Iron Maiden, por exemplo) na lista pela vitalidade, pelos riffs maravilhosos que marcaram a carreira do Scorpions (e a da galera que nasceu nos anos 70 e 80) e por uma característica específica que poucos têm: longevidade de carreira nesse nível de vibração. Mais de 50 anos de estrada... Tá louco! Ano passado tive o privilégio de assistir aos caras pela 2ª vez na vida, e é incrível como ainda são vibrantes, os dínamos da banda.
9º) KIRK HAMMETT: Kirk vem pra lista porque é um dos caras que conseguiu, ao longo da carreira, mesclar uma grande habilidade de fazer intros lindas (veja "One", "The Unforgiven", "... And Justice For All", entre vários outros exemplos) e lá no meio da música mandar aquele solão bonito, pra sintetizar a HISTÓRIA da música como só a própria letra poderia fazer igual (como em "Fade To Black" e "Master Of Puppets"). E nem adianta reclamar que ele é o rei do "wah-wah", aquele efeito tido como "pobre" por alguns guitarristas, som que se parece com a onomatopeia que lhe dá nome... O cara tá na minha lista e não sai. Aqui mando Master Of Puppets na versão de um trabalho que considero esplêndido em musicalidade e produção: o "S&M" (2001), com a Orquestra Sinfônica de São Francisco e o saudoso Michael Kamen:
8º) MARK KNOPFLER: assim como sua banda, o Dire Straits, Mark pra mim é uma das figuras mais injustiçadas da História do Rock. Do contrário, deveria ser laureado por tudo que é revista especializada. Sua habilidade, influência e contribuições para a música ali no final dos anos 70 e principalmente ao longo dos anos 80, são inegáveis, mas ele não figura em nenhuma da lista dos "grandes" na grande mídia, pode observar. Aqui fujo das mais conhecidas Sultans Of Swing, So Far Away e Money For Nothing (todas excelentes, clássicas) e deixo aqui a empolgante Lady Writer. Percebam como brinca de tocar (e acho um barato esse lance de ele ser tão rítmico a ponto de ficar sempre "dançando" nas exibições ao vivo)... A pergunta que sempre me faço quando o vejo é: Como alguém bom da cabeça pode não amar uma performance como a dele?
7º) YNGWIE MALMSTEEN: o "gordinho sueco" tá na lista porque me acompanhou um bom pedaço dessa vida, especialmente em momentos em que eu precisava de motivação diante de baques que pegavam de jeito. Conheci mesmo quando ainda era adolescente naquela coisa de ser músico, e eu tinha amigos que falavam demais nele (época em que baixávamos música no KaZaa e-ou eMule, ou íamos em lan house ouvir em algum site, pen drive era artigo de luxo, e no máximo de 512 MB o mais fodástico, lembram?). Nostalgia à parte, o cara mescla trabalhos sensacionais tanto pra harmonia, sons esteticamente mais elaborados - como a ícone Black Star - quanto também com algo mais porradal, como em My Resurrection, que me levantava de qualquer bad:
6º) ERIC CLAPTON: ouvi Clapton por muitos anos, com afinco. Já tive uma tonelada de trabalhos deste cidadão. Poderia fazer um post só sobre ele. O Slowhand ("Mão-Lenta"), como é conhecido, era não só o cara do Cream como também é considerado por muitos "O Quinto Beatle", tamanha sua influência em alguns momentos da banda. Quem me conhece sabe que While My Guitar Gently Weeps toca diferente aqui no peito, e dizem os relatos que não só a composição, como também a linha de guitarra original da canção é dele, e não de George Harrison, como qualquer fã de Beatles poderia supor:
P.S.: Bônus: Conheçam um trabalho dele com B. B. King, chamado "Riding With The King". Puro blues. Coisa de primeira.
5º) JOE PERRY: se Aerosmith é uma banda central na influência que tive pra ter o hard rock como a minha vertente favorita dentro do rock (empatada com o Progressivo), uma boa parcela de "culpa" é de Joe Perry. Tá, também do Whitford (2º guitarrista), mas o Perry acho que mais pelo conjunto. O que mais me encanta no trabalho do "irmão" do Steven Tyler é que, desde sempre, faz o que é simples ser incrível. Não tem virtuose. É mais alma. Dúvida disso? só ouvir Dream On. Seus riffs (como em Walk This Way), seguimentos e solos são uma mensagem de que se pode ser genial fazendo o simples, como aliás os gênios costumam ser. Poucos sabem, mas o guitarrista Slash (ex-Guns N'Roses, Velvet Revolver) tem como álbum mais icônico de sua formação musical o "Rocks", 4º trabalho do Aerosmith lançado lá pelo meio dos anos 70, um dos trabalhos em que a guitarra de Perry é mais pronunciada. Outro ponto que também merece destaque é o encaixe, a "fusão perfeita" do som dele com a voz do Tyler. Assista ao clipe de Amazing (mas não se desconcentre com a Alicia Silverstone!) na sua parte final e entenda do que tô falando:
Amazing, de 1993. Música, letra, clipe. Pelo conjunto da obra, um HINO! Certamente um dos top 10 sons da vida desse caboco aqui.
4º) EDUARDO ARDANUY: não "alcancei" a época de Wander Taffo (minto, só dele tocando com o Guilherme Arantes), mas sou feliz de ser da época de Edu Ardanuy. Como fã do que considero a maior banda de hard rock do Brasil - o Dr. Sin - esse cara não poderia NUNCA estar de fora da minha lista. Sou fanzaço. E Isolated, versão do DVD "10 Anos Ao Vivo" (2003), representa com P-E-R-F-E-I-Ç-Ã-O todos os meus motivos. É perfeita na intro, condução e solo ao final:
Já fui ver esse cara estando doente ardendo em febre. No final do show, eu tava bonzinho! Hahaha!
3º) GARY MOORE: o irlandês é, pra mim, o grande rei do feeling. Mas pouca gente conhece. Embora tenha tido o azar de nunca tê-lo visto ao vivo (faleceu em 2011, quando eu sequer sabia o que era andar de avião), tive a sorte de conhecer o trabalho desse cara por meio de um cover (!) de Over The Hills And Far Away, uma de suas músicas mais famosas, feito pelo grande grupo de metal sinfônico Nightwish, acho que na minha época da faculdade (2005, mas Nightwish gravou em 2001). Fui atrás da original e pimba: Conheci Gary Moore! A partir daí, foi inevitável associá-lo à clássica Still Got The Blues (seu grande sucesso comercial e melodia mais marcante pro grande público). Por aqui, fico com Empty Rooms, versão ao vivo de 1987, em Estocolmo (Suécia). O solo final é certamente um dos meus Top 10 de solos em toda a história do rock (no vídeo, começa em 7'25''). Libertador, pra ouvir no último volume. Sou tão apaixonado por esse solo que eu mesmo fiz questão de hospedar o vídeo na minha página pessoal no Youtube:
2º) DAVID GILMOUR: muitas coisas poderiam ser ditas aqui... Mas quem faz o que faz em Marooned e Comfortably Numb não precisa de muita explicação. Sabe aquela coisa de se referir a alguém com um "seus feitos falam por si", ou "seus feitos lhe antecedem"? Isso é David Gilmour. Se você escuta o som da guitarra, sabe de imediato que é ele que tá com ela empunhada. Timbre único. Alma de uma das maiores bandas da História (senão a maior, desculpem beatlemaníacos...). A autenticidade de som e de espírito que atravessa décadas (e agora seguem em trabalhos solo lindamente!) fazem do "Rei do Feeling" o #2 dessa lista.
Depois (ou junto) de J. Page em Stairway To Heaven, a parte final aqui é provavelmente o solo mais icônico da História do Rock, não tenho dúvidas de que muitos também pensam assim!
1º) JOHN PETRUCCI: não há palavras para John Peter Petrucci. Pra mim, o guitarrista mais completo da "minha" geração. O cara que tenho a oportunidade de acompanhar há pelo menos os 10-12 últimos anos. O que tem música e solo para todos os estados humanos de espírito. O cara que é capaz de fazer um dos solos mais bonitos da história do rock para homenagear um amigo (pela perda do pai), como na parte final de The Best Of Times. O arranjo que sempre emociona, como em Hollow Years (Live At Budokan) e também em Truth (projeto dele com o tecladista J. Rudess). Petrucci tem uma coisa que é genial pra mim: seus arranjos "falam" o mesmo idioma da música como um todo. Sempre. Nas faixas instrumentais, costumo dizer que nem precisava mesmo de letra e vocalista, porque sua guitarra emite sempre uma mensagem muito clara: pode ser de tristeza (The Best Of Times), reclusão (Repentance), energia (Acid Rain), motivação (Glasgow Kiss), reflexão (A Change Of Seasons), esperança (Hell's Kitchen), liberdade (Voices), raiva (As I Am). OK, deve ser coisa de fã, eu sei. Difícil escolher uma obra-prima somente, mas aqui vamos de Hollow Years, por todo a sensibilidade e beleza contidos. A faixa começa com um timbre de violão clássico e a partir de 4'36'' (veja vídeo a seguir), faz um dos solos de guitarra mais bonitos que já pude ouvir. E que conversa completamente com a letra e o espírito da música. Esplêndido.
E você? O que achou da lista? Tem uma também?
E você? O que achou da lista? Tem uma também?
Muito boa a análise. Acho muito legal que o Mark Knopfler toca sem palheta e assim consegue, na base do dedilhado, alguns sons muito difíceis (senão impossíveis) de serem tocados com palheta. Um abraço. Rafael Flores.
ResponderExcluirMuito bom relato! Melhor ainda, é o excelente gosto musical. A gente fica doente de não poder coloca los todos em primeiro lugar.
ResponderExcluir