Ignorância sem fronteiras

Avesso a máscaras, Bolsonaro tosse enquanto discursa para apoiadores num dos domingos de 2020. Nesse dia, foi indiferente a faixas que pediam o fechamento do STF e a volta da Ditadura Militar.

Tem tomado corpo no mundo um movimento para parar Bolsonaro. Como ele claramente desincentiva medidas de controle do vírus – com isso aumentando as chances de mutação viral, já que a cada novo contágio surge essa oportunidade e os vírus são bons nisso – Bolsonaro já não é mais um problema só para o Brasil. O Brasil já começa a virar um "ninho" de novas cepas com potencial de alcance global, vide a última variante detectada, proveniente de Manaus.

A relação de Bolsonaro com o mundo é mais ou menos como a de um vizinho sem postura num Condomínio, por exemplo.

Acontece que ele não só não é mais bem-vindo no seu próprio andar. Após sucessivas "superações", já não é mais bem-vindo no prédio inteiro, e nos outros prédios ao redor, e nas áreas comuns, e na portaria, e no estacionamento...

Perturba e envergonha a todos.

Em abril de 2020, numa ida à padaria, em Brasília - sem máscara, como de costume - Bolsonaro limpa nariz com a mão e o braço, e no segundo seguinte cumprimenta idosa. Neste mês, o país já estava em franca ascensão do Covid-19 e as medidas de distanciamento e uso de máscaras já eram incentivadas no mundo inteiro.


Bolsonaro criticou tanto a China, que agora pode ser uma espécie de "nova China". Mas só em relação à disseminação do vírus e suas variantes, não na pujança econômica. Nessa parte, ele e sua equipe são incapazes de copiar os chineses.

 

Assim como usou a Venezuela na campanha eleitoral em 2018 e, de lá pra cá, o Brasil não ficou mais distante de ser uma... Ao contrário. Só se aproximou do que ocorre naquele país, aí sim economicamente.

 

E politicamente também.


Não há evolução científica e estrutural no aparelhamento de saúde de estados e municípios que dêem conta de "competir", em escala e tempo, com os "incentivos" de Bolsonaro à desproteção e à normalidade para a população. Num regime presidencialista com assimetria de Poderes em clara preponderância do Executivo, é notório o "papel do exemplo" de um Presidente. Bolsonaro sabe disso, e por isso, usa de sua posição para seguir sua saga anti-Ciência, usando argumentos falsos e inimigos "imaginários" como "esquerdizar veículos de comunicação" e órgãos baseados em Ciência. Afinal, é sempre uma saída "fácil" para seus catervas responder algo científico com "você é fantoche da Globolixo", "caiu na história da OMS comunista" (??) e coisas do gênero.


Enquanto isso, a curva da 2ª Onda começa a ficar mais "alta" que a da 1ª, com a diferença que grande parte das pessoas - esclarecidas ou desavisadas - já demonstra claramente que banalizou o que estamos vivendo.

Casos de COVID-19 por data de notificação. É possível perceber como a 2ª Onda já começa a se desenhar mais "alta" que a 1ª. A banalização à doença está vencendo. Fonte (surpreendentemente, ainda há dados públicos): https://covid.saude.gov.br/


Acaso Bolsonaro estivesse realmente preocupado com a Economia (como dizia estar em março-abril/2020), por que então ele seria contra e se dedicaria a desencorajar as pessoas sobre justamente o avanço científico que poderia fazê-las voltarem à rotina e a trabalhar/produzir, que é a vacina?!

Morrerá abraçado às suas convicções, ainda que elas levem muitos de nós para o buraco. Literalmente.

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W.A.

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