13 anos de Serviço Público: do que vi e aprendi, da gratidão e do propósito reafirmado.


Hoje completo 13 anos de Serviço Público. 4748 dias. Foi "dia desses" que aquele moleque de 18 anos passou no seu 2° Concurso Público e teve o tão esperado Termo de Posse assinado meses depois, já com 19. Mas passou rápido. Aqui foi onde aprendi (e aprendo) muito. Aprendi sobre realidades. Aprendi a conjugar menos em 1ª pessoa, e mais em 3ª. Conheci pessoas. Ampliei meu círculo relacional. Entendi melhor o ser humano e "treinei a vista" pra perceber os interesses (os bons e os maus) que existem por trás de cada movimento humano. Fui convidado a vislumbrar visões de mundo distintas da minha. Caí de cabeça, fui fundo. Conheci da miséria latente do interior de Afuá, no Marajó (uma das regiões mais pobres do Brasil), até o senso de coletividade/civilidade que fazem da Espanha um lugar incrível. Pude testemunhar as dificuldades das pessoas em pontos distantes de uma já distante São Félix do Xingu, até os dramas do outro lado do mundo, nas ilhotas da Indonésia, lá na Ásia, que sofrem em modos e proporções muito parecidas com as nossas, talvez pelo bem e mal de compartilharem a mesma latitude. 
Setembro de 2011: Primeira missão oficial internacional da vida (talvez a terceira para fora do Pará, até aquele momento), representando o Pará na Reunião Anual da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas - GCF, em Palangka Raya, Kalimantan Central, Indonésia. 


Aprendi que, por vezes, os processos são mais valiosos que os resultados. Entendi que existem frutos impossíveis de contabilizar ou mensurar, mas você sabe que eles estão lá, que foram gerados, e isso de alguma forma te conforta se os resultados não foram tão explícitos como se idealizou inicialmente. Ganhei alguns desafetos também, porque nem tudo são flores. Fui mal compreendido. Mas, por vezes, também agi mal. Zanguei-me por não querer aceitar que o caminho que pra mim era ideal não foi assim entendido pelos outros ao meu redor. Falhei. Falhei por acreditar demais. Falhei por idealizar demais. Falhei e falho, mas agora num nível de melhor compreensão do que me cerca. 

Felizmente, tive muitas oportunidades. E sou muito, mas muito GRATO por todas elas. Fui reconhecido, prestigiado e confiado a cargos de expressão em 3 Governos de orientações partidárias diferentes, o que pra mim é talvez o maior dos "troféus invisíveis", pois me indica e não deixa eu esquecer que eu não cresci por fatores alheios ao meu esforço e dedicação. Batalhei. Evoluí. Ganhei espaço. Procurei retribuir com ainda mais trabalho e seriedade. Em uma espécie de "tréplica" da vida, vi as vidas de pessoas e comunidades melhorarem e instituições se fortalecerem e ganharem credibilidade a partir da minha contribuição.

Visitando comunidades (especificamente uma atividade de meliponicultura) na Unidade de Conservação "Área de Proteção Ambiental Paytuna", interior do município de Monte Alegre, Oeste do Pará.

Também dei "sorte", pois não só sei que muitos são melhores e mais talentosos que eu e não têm a mesma oportunidade que tive (aqui entra uma particularidade sobre meritocracia, mas merece outro texto somente pra ele), como também fui posto a funcionar com ótimos chefes, de variadas características, as quais triei e procurei capturar e internalizar as melhores pra mim: o dinamismo e a articulação de um, a visão sistêmica de outro... a sagacidade de um, o voluntarismo gentil de outro... Outras ferramentas eu já tinha na bagagem: dedicação, persistência, idealismo, ousadia, busca por excelência (que é virtude e problema, a depender da ocasião). E assim fui me moldando, ainda cheio de falhas e zilhões de limitações. 

Sempre digo que gosto de ser Servidor Público porque não só é bom sentir-se parte de uma engrenagem responsável por buscar o bem-estar ou uma condição MÍNIMA de existência decente das pessoas, como também é bom poder olhar pros ciclos e dizer a si próprio que deixamos nossa contribuição ali. Um certo teórico do passado dizia que uma profissão é tão melhor quanto maior o número de vidas que os resultados dela tornam melhor. Hoje sei que nosso trabalho, ao lidar com um bem difuso que é o patrimônio ambiental, que nos supre de tudo o que precisamos, é essencial à vida de milhões, especial e primeiramente os quase 9 milhões que vivem nesse País chamado Pará. Mas muito mais além, muitos outros milhões, que sequer notaram nossa importância. Nós somos responsáveis pela manutenção de todo um sistema, que, por ser perverso, injusto e incompassivo, precisa de nós pra não colapsar. E assim sigo, aguardando confiante com os pés no chão o desafio que esse 14º ano trará.

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